'Magia' existe.

    Nos últimos dois meses minha mente, corpo e tempo livre foram consumidos por uma obra que residia dormente no fundo da minha mente por treze anos, mas que eu nunca tinha me dado a oportunidade de não só me jogar como também sentir sua experiência, e quando falamos sobre Umineko: When They Cry, não é sobre entender, não é sobre cânone, é sobre sentir e, ao seu fim, em um mundo contemporâneo onde a nuance e crença não valem tanto quanto a verdade e o cinismo, aprender novamente que magia 'existe' é especial, ou, redundantemente, mágico.

Eu [não] sou meus arrependimentos

Apesar do título, vim por meio deste humilde bloguinho falar não sobre mim, mas sim sobre um mangá chamado Again!! (com duas exclamações), que vem, por pelo menos cinco anos, rasgado muitos traços do caráter que nem eu mesma entendia. Mas como eu já disse anteriormente, este texto não é sobre mim, então vamos falar de Again!!, mais especificamente, de Kinichirou Imamura, nosso protagonista nesta estória.

Shirobako e paixão

 


    Shirobako é sobre muitos temas, desde uma aglutinação de paródias até um pequeno passeio no caos da produção de um anime semanal, desses que vemos as dezenas sendo lançados toda temporada, e ele perpassa por essas tensões e brincadeiras tantas vezes que fica difícil até mesmo de definir o que esses vinte e poucos episódios, somados a um filme, significam como história, mas Shirobako é, acima de tudo, sobre amor, feito com amor e é uma carta de amor para essa indústria que perpassa a vida de mais pessoas do que eu jamais conseguiria contar, e assim como Shirobako é uma carta de amor para a história da animação japonesa, esse texto é uma carta de amor para tudo que esse anime significa.

Então é Natal, e o que você fez?

    

    Passado. Futuro. Ansiedade. Expectativa. Orgulho. Arrependimento. Dezembro desempenha um papel único, mas especial, na jornada que constrói um ano, período em que sua passagem, em uma visão mais crédula, é sinônimo de férias, de descanso, mas isso nada mais é do que mais um sinal de que, a partir da hora zero, tudo começa novamente, as promessas, os problemas, a segunda-feira.

Sobre mim, mas não tanto

 

    É no mínimo nostálgico abrir o Blogger novamente para escrever mais uma corrente, já faz uns bons anos que eu não me perco em pensamentos apenas para encaixar os devaneios da minha personalidade em regras simples e que, ainda hoje, não parecem serem feitas para mim, o que de certo modo é verdade, e sinceramente, não tenho certeza mais do que me fazia gostar tanto dessas correntes, desejo de me expor? Desejo de aprovação de pessoas que eu nem mesmo conheço? Muito provavelmente, nenhum destes motivos, apenas a minha mania intrínseca de falar sobre todos meus amores, dos quais eu levo para o lado pessoal e protejo como se fossem tesouros que definem minha passagem por este mundo, mas em resumo, eu sou apenas mais um bobão com muitos sentimentos, mas que depois de tantos anos, sei o que faço com eles, ao menos é isso que eu gosto de pensar.

10 anos depois, Madoka já é um clássico.



    
Eu já estou a uns dias tentando escrever esse texto, mas em nenhum deles eu sinto que consigo me expressar sem virar um fã maluco, mas por de fato ser um fã maluco eu irei continuar tentando, afinal, tudo que eu tenho feito esses anos é ser um fã maluco mesmo.

    Depois de alguns anos eu comecei a desgostar da Shaft, até eu entender que o problema da Shaft era Akiyuki Shinbo e seu tão reconhecido estilo único, tão único que é repetitivo através das obras que trabalha, porém, em 2011 ele traria a tona sua obra prima, junto de Yuki Kajiura, lenda das trilhas sonoras de anime modernos e que hoje veneramos tanto, além de ser a mentora por trás do Kalafina, que trabalhou com Shinbo em Petit Cossette, além de uma equipe talentosa correndo para tornar esse projeto real, este projeto era Puella Magi Madoka Magica, hoje, dez anos depois, um clássico dos animes, trazendo originalidade através da deturpação das bases do que faz o gênero moderno das "garotas mágicas".

    Muito se falava, e ainda se fala, que Madoka finge ser um anime bonitinho até o fatídico episódio 4, e isso é verdade, mas também é mentira, desde o começo Madoka mostra para o que Madoka veio, a primeira cena é já a bruxa Walpurgs Natch e a Homura em seus esforços desesperados para enfrentá-la, para só então encaixar a história da menina mágica, desde a abertura super fofa com várias cenas que não acontecem, em um tom que a história não tem, mas que mesmo assim a letra da música conversa diretamente com a história. Fator esse importantíssimo na obra de Madoka, onde todas músicas conversam com a história e encaixam-se para dar o tom desejado e até mesmo para dar a virada de roteiro de forma primorosa e de certa forma avisada, como por exemplo, o mesmo episódio 4, nas batalhas anteriores da Mami a música tocada era Magia, tem um tom pesado e de certa forma dá a entender que a luta ali é estranha, parece errada. Então no episódio 4, onde a bruxa favorita de todos aparece, Charlotte, pequena e fofa de sua própria forma, Mami não faz rodeios e age velozmente, animada e inspirada, com uma música animadíssima tocando, e é aí que a história se entrega, a música feliz segue tocando, Charlotte tem uma carta na manga, a música para, temos apenas a expressão da Mami surpresa enquanto uma boca enorme se aproxima, logo após só vemos o corpo dela, caindo em sombras sem sua cabeça, a partir daí a história não retorna mais, ela não finge que é fofa e nós, em choque, sabemos exatamente o que esperar. O resto do episódio são crises, personagens perdendo o chão, a Homura dando sua dose de realidade, e o episódio fechando, finalmente, com seu verdadeiro encerramento, Magia, uma música que também fala diretamente sobre a história, o desejo de destruir as trevas com as próprias mãos, enquanto na animação pessimista do encerramento, vemos Madoka, a até agora não citada personagem, andando diretamente para a escuridão.

    Não ter citado Madoka até agora foi proposital, pois Madoka, como personagem, não é a protagonista dessa história, e sim o ponto que converge todo enredo, para onde tudo se direciona, enquanto Homura tem seu arco correndo em plano de fundo, sendo desenvolvido a passos lentos, pois o arco de personagem dela é diretamente conectado à Madoka, essa não é a história sobre a maior garota mágica de todas, e sim sobre sua melhor amiga e seus esforços para tirá-la das trevas que sempre a consomem.
    No momento que eu desencadeei isso em mente eu senti uma epifania, como se ninguém soubesse disso, até Lae, que me acompanhou nessa aventura, dizer: "Ah, mas isso é velho já.", no momento eu fiz graça sobre isso, mas pensando novamente sobre depois, creio que a história foi construída assim, para entendermos o verdadeiro papel das personagens no seu decorrer, o que é até bobo dizer, mas que em Madoka funciona tão sutilmente que quando essa realização ocorre, é quase como se tivesse descoberto um segredo que não deveria ser descoberto.

    A partir disso, não há muito mais de novo em Madoka fora puro desenvolvimento. Suas personagens todas são cinzas, abordando em suas histórias pessoais, dando para cada uma seu próprio arco, porém, Madoka não se importa em fechar seus arcos, a história tem a pretensão de ensinar lições, pessoas cedem aos seus desejos, entram em desespero por seus medos e frustrações, nem sempre as pessoas tem um retorno de suas condições, e para essa história em específico, o desespero é o fim, muito se fala de histórias que matam seus personagens sem medo, nesse sentido Madoka é até mesmo cínico, em seus curtos 12 episódios ele não mede esforços para dizer aquele mundo não iria acolher ninguém, que o fim de toda essa exploração seria isso, o fim mesmo, de tudo.

    E creio que aqui sim, encaixamos nossa querida menina Kaname Madoka, a pessoa no centro desse circo que parece a atrair sempre para o seu centro, personagem propositalmente construída para se parecer uma divindade católica, que ama a todos e sente a dor de todos eles, que a qualquer momento quer se sacrificar por outra pessoa, e que mesmo assim, é a última pessoa a se tornar uma garota mágica, pois a história é sobre isso, a tentativa de proteger o mundo dela mesma, a garota mágica que teria os poderes de um Deus, e que ocasionalmente também se tornaria o maior demônio de todos, porque isso já aconteceu antes, porque tudo indicava que iria acontecer novamente, afinal, as garotas mágicas que se tornariam bruxas eram fonte de energia para um universo distante e isso incrivelmente faz sentido no enredo de Madoka (?). A verdade é que Madoka, como história, é uma linha muito bem traçada, ele não costuma guardar segredos por muito tempo, desde o começo sabemos do potencial infinito de Madoka, desde o seu meio sabemos que garotas mágicas se tornam bruxas, e que bruxas incentivam o nascimento de novas garotas mágicas, em um ciclo vicioso entrópico que ocorre em toda história da humanidade, a história, na minha opinião, tem esse elemento meio prepotente que um nerd adora, mas que mesmo assim não muda a mensagem da história, de tentar se livrar da entropia do sofrimento, e que é justamente isso que Madoka faz, todo seu potencial é usado para reescrever a entropia presente na história, trazendo um mundo onde o sofrimento não é o fim de uma pessoa, e sim apenas uma das fases que existem enquanto vida, então sim, Madoka literalmente vira uma deusa, a comparação com Jesus não é só inevitável, é desejada pelo autor, é a base dele para o arco dela, o sacrifício máximo de levar consigo o sofrimento de todos para que as pessoas não sofram mais, além da Lei do Ciclo, que é só um nome diferente para o livre arbítrio e o perdão de Deus, essa história fez essas pontes propositalmente, porém, não como propaganda religiosa ou material gospel, e sim como pura e simples grandiosidade, o clássico "fechar com chave de ouro", todos sabemos que as mentes criativas japonesas adoram fazer análogos a religão cristã, Evangelion que o diga! E é justamente assim que a história se encerra no seu filme, dando um arco final para Homura, que tanto lutou por Madoka, dando para ela também um ponto fora da curva, mas em vez de ser uma analogia a Deus, ela agora é o anjo que esteve ao lado de Deus, e que por mero capricho caiu para o inferno e se tornou o Diabo, uma contraparte de Deus, mas ainda assim dependente do mesmo, o outro lado da balança, e é por isso que eu não gosto tanto do filme Rebellion, ele não é tanto sobre a história, e sim sobre sua analogia, mesmo que ele faça isso de forma excepcional, colocando o mesmo tipo de virada da história original e, dessa vez, com questões que não são respondidas tão rapidamente, o filme faz sentido para a mitologia de Madoka, mas não sinto a mesma atenção ao detalhe e sentimento que a série original tinha, além de que, dessa vez, a protagonista teve seu arco muito bem exposto e marcado, afinal, mesmo que o objetivo dela não tenha mudado, agora ela era o centro da própria história.


Era isso que eu queria falar, eu amo Madoka, eu amo as músicas de Madoka e adoro a forma que ele se construiu. Após Madoka virou uma certa mania no mercado essas histórias de Mahou Shoujo sérias e violentas, não se enganem, personagens problemáticas e momentos sérios não é exclusividade de Madoka, ele não ensinou ninguém a fazer o básico, ele apenas usou o básico de uma nova forma, e a forma que ele fez tem ditado como animes do gênero usam essa base também, criando obras boas como Flip Flappers, e algumas atrocidades como Mahou Shoujo Site, mas agora, depois de 10 anos de Madoka, é inegável a sua popularidade e a sua importância na geração, e pra mim, com certeza estaria em um top 5 de animes desta década, tamanha importância, tamanho meu amor pela obra.

    Obrigado a todos que leram até aqui, como sempre, minha produção de escrita continua sendo guiada pelo meu amor, pois para mim, é extremamente difícil só focar para fazer algo, o fato deste texto estar escrito agora é fruto de muito esforço, por isso espero que todos tenham gostado, foi feito com carinho.

Wowaka, Miku e transformação

     Em meados de 2012 eu comecei a acompanhar este fandom maluco, e em 2012 eu ouvi esse tom de piano estranhamente singular, veloz rítmico, porém, a verdadeira transformação foi em mim, e sim na história de Vocaloid como existência em 2009.