Shirobako e paixão

 


    Shirobako é sobre muitos temas, desde uma aglutinação de paródias até um pequeno passeio no caos da produção de um anime semanal, desses que vemos as dezenas sendo lançados toda temporada, e ele perpassa por essas tensões e brincadeiras tantas vezes que fica difícil até mesmo de definir o que esses vinte e poucos episódios, somados a um filme, significam como história, mas Shirobako é, acima de tudo, sobre amor, feito com amor e é uma carta de amor para essa indústria que perpassa a vida de mais pessoas do que eu jamais conseguiria contar, e assim como Shirobako é uma carta de amor para a história da animação japonesa, esse texto é uma carta de amor para tudo que esse anime significa.

      Vou começar falando de Shirobako não falando dele, confie em mim, fará sentido. 
      Em 1984 estreava nos cinemas o documentário This Is Spinal Tap, que acompanhava a banda Spinal Tap, que estava no seu ápice fazendo uma enorme turnê tocando todos seus hits e levantando a plateia por onde passavam, isso enquanto mostrava os dramas e dificuldades que essa banda passava no backstage, drogas, bebida, brigas, problemas técnicos, acidentes. E até esse ponto, não é nada que já não conheçamos, a não ser que Spinal Tap seja um documentário falso com intuito de funcionar como uma comédia, mas com personagens e situações tão inspiradas na realidade que fica difícil separar onde começa a paródia e onde termina a realidade. Shirobako funciona da exata mesma forma, não como um documentário, mas com o seu processo de produzir um anime, com suas devidas paródias, e seus devidos paralelos com a realidade, mostrando porque tantas pessoas ainda amam trabalhar criando essas histórias e espelhando os problemas advindos da necessidade de fluxo financeiro para manter essas histórias surgindo.
    Mas todas essa aventura começa com um simples grupo de amigas, se formando no ensino médio prontas pra viver seus sonhos, que no caso de todas elas, envolvem processos da produção de um anime, tudo já premeditado para apresentar o futuro dessas personagens e poder dar esses detalhes tão que a obra se propõe a explicar, mas então a história surpreende, pegando sua paródia e trazendo para um tom mais intimista das protagonistas, trazendo debates sobre se apenas amar aquilo que está fazendo é o suficiente, se o esforço pela indústria realmente compensa, e até mesmo sobre fracassos profissionais e como eles atingem a forma que você lida novamente com o mesmo trabalho. São temas simples, com uma visão sentimental e madura, buscando trazer o público mais próximo não do método, mas o que faz essas pessoas, esses artistas, tão diferentes e porque eles se doam tanto por esse desafio.
    Porém, de todos esses personagens e histórias, uma em especial cativou meu coração, que se mantém nesse sentimento platônico desde o lançamento deste anime, e essa personagem é Miyamori Aoi, a personagem com mais tempo de tela, maior construção, e com um carisma que me cativou já no primeiro momento, e com desafios que me senti refletido em vários aspectos da minha própria vida. É difícil explicar minha relação com um personagem de desenho sem que eu entre em uma discussão filosófica sobre representação e relações parassociais, mas que, em resumo, vi um exemplo de vida para não só me impulsionar a querer ser mais, mas que também me desperta o sentimento de orgulho para cada vitória alcançada, e Aoi é a representação animada da paixão que faz essas histórias nascerem, se deparando com o desafio do dia-a-dia no burnout de produção, mas também da inexperiência da juventude e de um futuro ainda incerto. Ela também é a responsável por trazer a maior parte das paródias e relações com a realidade que o anime propõe, desde nomes famosos da indústria até referências bobas que diverte os mais fanáticos e instiga os que estão de chegada nesse círculo de mídia tão diverso.
        Shirobako é o resultado de gerações que cresceram assistindo animes e que resolveram fazer disso suas vidas, e também para os fãs que acompanham de perto o crescimento desses profissionais que são apagados em nome da experiência ideal para o espectador. Ele faz muito mais do mostrar que ferramentas fazem uma animação, mas nos lembra que o que realmente importa são essas pessoas que não ganham os holofotes, pois assim como nós, elas amam essa arte e querem se expressar através dela, por isso, acima de tudo, Shirobako é uma celebração do espírito que torna isso realidade.

Comentários

  1. Oi Gus !! Primeiramente, quanto tempo né. Abri seu blog para ver como estão as coisas e me surpreendi com esse layout, TÔ APAIXONADA DEMAIS!!! Sério, é lindo, queria um assim ... ;_;
    Em segundo, abri a postagem porque minha bestie adora Shirobako e eu não assisti até hoje e me lembrou que preciso assistir um dia. Parece legal. Lendo assim, dá para entender por que ela deve curtir assim!
    Estou tentando arrumar meus favoritos e afins e fazer um blogroll de quem ainda atualiza (o que é difícil porque: o que é tempo livre ??? TT ) então espero conseguir passar mais por aqui!!

    (... em nota, to lembrando agora e acho que te exclui do meu Twitter porque tenho falado de assuntos chatos de saúde e reclamado demais então exclui uma galera bacana que lê ptbr e ainda não tinha me silenciado pra não precisarem aturar RS, preciso criar outro Twitter aberto que é o que acabo fazendo sempre que reclamo demais, ops OTL. Depois se puder me passa o seu pra eu adicionar... prometo tentar manter tweets legais no outro ..... inevitavelmente terá mt Kaeluc mas.)

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    1. Oie
      Se quiser dar um copycola nele e modificar o quanto quiser só falar, passo o xls dele porque aqui somos contra direitos autorais.
      Eu adoro Shirobako com todo meu coração, ele assim como todos animes não é perfeito, mas pra mim ele é, e eu fico satisfeito suficiente com isso, e é por isso mesmo que recomendo de montão! Tu que já tá a tempo também nessa vida de sofrer por desenho teria ótimas experiências com ele, eu espero pelo menos KKKKKKK.
      Os blogues que eu acompanho estão quase todos parados falecidos já, e os que não estão a maioria eu me faço de cego mesmo, mas é mais que bem vinda sempre, não garanto consistência de tempo mas garanto consistência de qualidade (ou seja, qualidade ruim e totalmente parcial independente do tema).
      (Relaxa, eu sou meio intrometido too certeza que ia lá dar like em tudo e até responder sendo que as vezes a gente quer só dar um grito pro ar na esperança de aliviar o coração- Porém, fora isso, eu tô tudo bem com desabafos porque a vida de jovem adulto que trabalha mais do que existe para si mesmo me afeta também e eu kinda entendo um pouco pelo menos- digo apenas que tá perdendo eu fanlouquecendo fazendo um desafio -que eu inventei- de desenhar a Kasane Teto todos os dias por motivos que eu inventei na minha cabeça, recomendo acompanhar e participar)

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    2. Ai muito obrigada TT não to com nenhum blog agora então nem tenho onde colar kkk mas tenha certeza de que vou me inspirar no próximo .........

      KKKKKKKKK que descrição ótima ft que tristeza (porque é verdade) mas vou tentar ver (quando tiver tempo... quando conseguir arrumar as coisas ......... quando? um dia) não botei muita fé no começo mas parece legal!

      Pois é rs, e qualidade ruim e parcial é meu negócio msm (escrevendo, né, cof) então vou passar por aqui ✌️

      (KK não tudo bem, não é problema ser 'intrometido' não, eu que pareço bêbada quando tô triste e depois fico "o que ... raios eu postei quando estava mal" e me sinto culpada por trazer bad pra tl rs, coisas que preciso ... aprender a não fazer......... OTL KKK INTERESSANTE DESAFIO, me passa o twitter pra eu seguir poxa >:( )

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    3. Ih, será se vem aí? 👀

      Tempo é subjetivo, porque nenhum de nós tem qualquer um, mas quando der espero que goste!

      Será sempre bem vinda, prometo que nunca mudarei! -ou não né-

      (Só reitero o que disse acima, eu mesmo não encano com isso não, sou crescidinho o suficiente pra saber que não existem só dias bons, até porque tem dias que eu só quero mandar todo mundo tomar no - no Twitter.
      Continua o mesmo de sempre, @nippangu, rumo ao dia 6!)

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  2. Aqui vou eu, anotando outro título recomendado por você, que sem pressão alguma espero me lembrar de assistir em algum mês desse ano que eu comecei até que bem, mesclando novidades a velharias lindas da década passada que a meu ver conseguem ser melhores por um motivo bem simples - simplicidade e um olhar brilhante sobre o futuro que hoje em dia fica estranho de colocar ou nem tanto, eu tenho sérios problemas com tramas futuristas.

    Mas vamos lá, me lembro de outra postagem sua mencionando Shirobako e se um título é grifado e relembrado pela mesma pessoa, isso só significa uma coisa. Tem algo no mínimo interessante ali, então é obvio que fiquei instigada, ainda mais por se tratar de um entreterimento que me acompanha a mais de ano e que por vezes, colegas me diziam que eu era a pessoa com mais indicações na ponta da língua que eles conheciam, mas com cidade pequena isso até que fica fácil hah, enfim, sempre que me pego pensando no rumo de dada trama que vejo logo imagino como não deve ser estar literamente na criação dela - caramba, eu tô aqui migelando por onde começar um livro e é algo fora de série praticamente - e isso, a sua postagem, me levou a uma ideia que tenho anotada no bloco de notas a um ano mais ou menos, sobre como é e foi escrever todas as minhas fanfictions e como eu vejo aqueles que fazem o mesmo que eu, tanto no Brasil como fora dele, mas ainda não dei corpo ao texto, só a coluna mesmo :p

    Arrematando meu comentário ao som de "Baby don't cry" só posso dizer que seu texto ficou ótimo Guga, sério mesmo, até fiquei aqui pensando em personagens que me impulsionam e não só atraem a minha atenção por serem bonitos hah

    Um abraço, e uma boa semana para você ♡
    E desculpa a demora em aparecer, começo de ano comigo é lentidão pura e releituras de fictions e doujins que me são queridos, então quebrar esse ciclo é sempre um saco.

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